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Por Henrique Félix
A consolidação de uma banda, em geral, leva tempo. Até que o grupo se estabilize, é comum que sua formação passe por várias mudanças de componentes. Isso não foi diferente com a banda Gato na Tuba. Até mesmo seu nome definitivo não surgiu de imediato.
Nos primórdios da banda, por volta de 1979, eu nem mesmo fazia parte dela. Certo dia, meu irmão e três amigos de escola – e também sócios do Cisplatina F. C., localizado no bairro paulistano do Ipiranga – resolveram montar um grupo, ao qual deram o nome de “10 Mandamentos”. O grupo era formado por meu irmão, Flávio “Tubarão” Félix, que tinha uma guitarra (que, na verdade, era minha), Hugo Sinisgalli, que tinha uma bateria e um violão, Fernando “Pastel” de Lima, que tinha um contrabaixo, e Marco Antônio Monteiro, que não tinha instrumento nenhum.
No primeiro ensaio, na casa do Hugo, Tubarão e Pastel tocaram os instrumentos que haviam levado, enquanto Hugo pegou seu violão e deixou que Marquinho tentasse tocar sua bateria. Obviamente, eu não estava presente e não consigo imaginar o que saiu durante esse ensaio.
Apesar do nome de inspiração religiosa, o grupo não era nem um pouco católico. Já no segundo ensaio, Marquinho descumpriu um dos principais mandamentos da banda (“Sempre ensaiarás”) e não compareceu. Em razão de sua ausência, os três outros membros promoveram um rodízio dos instrumentos: Pastel foi para a bateria do Hugo, Tubarão pegou o contrabaixo do Pastel e Hugo assumiu a guitarra do Tubarão. Em sua curtíssima carreira musical, Marquinho saiu do grupo e, como baterista, revelou-se depois um competente administrador de empresas, desenvolvendo uma carreira de respeito nessa área.
Não sei se foi já nesse ensaio que os componentes perceberam que não havia ninguém nos vocais e decidiram me convidar a fazer parte da banda. O fato é que, algum tempo depois, Hugo comprou sua primeira guitarra e a banda passou a se chamar “Fãs&Farra”. A formação começou a ter a cara que viria a se manter depois: Hugo na guitarra-solo, Tubarão no contrabaixo, Pastel na bateria, e eu na guitarra-base e nos vocais, conforme mostra a foto acima, tirada em 1982, numa festa de aniversário da prima de um amigo do Cisplatina F. C., o Mauro Martorelli. Essa festa foi a precursora de uma série de festas realizadas nesse mesmo clube e batizada como “Festa dos Travados”, que teve, pelo menos, seis edições.
Na próxima postagem, eu conto como o Betinho entrou no grupo. Antes disso, apresento as duas outras canções gravadas na primeira vez que a banda Gato na Tuba foi para o estúdio: “We can work it out”, dos Beatles (1965), e “Crazy little thing called love” (1979), do Queen.
Gosto muito do trabalho de backing vocals do Betinho, na canção dos Beatles, e da finalização instrumental da canção do Queen, diferente da gravação original. Trata-se de uma criação coletiva, inspirada numa sugestão do Hugo, na qual se destaca a evolução da bateria do Pastel, junto com o solo de guitarra inserido na conclusão.
Abraços,
HF.