Notícias e curiosidades musicais e editoriais
Por Henrique Félix
Em 1947, os compositores Braguinha (1907-2006) e Alberto Ribeiro (1902-1907) lançaram a marcha carnavalesca “Tem gato na tuba”, gravada pelo cantor Nuno Roland (1913-1975) e vencedora do Carnaval daquele ano. A gravação original pode ser ouvida abaixo:
A letra da canção conta a divertida história do Serafim, um músico que, ao tocar sua tuba, percebe que há algo de errado com o instrumento, pois, em vez de emitir apenas sons graves, produz vários miados. A explicação é simples: um gato havia se escondido dentro da tuba do Serafim.
A expressão “Tem gato na tuba”, que dá título à marchinha, está relacionada, portanto, a uma situação inesperada, que oculta algo a mais do que aparenta. Talvez tenha sido essa associação de ideias que levou o guitarrista Hugo Sinisgalli a sugerir que a nossa banda de rock de garagem formada no início da década de 1980, em São Paulo, fosse batizada como Gato na Tuba.
Além do criador do nome, integravam originalmente o grupo: Betinho Almeida (guitarra e vocais), Flávio “Tubarão” Félix (contrabaixo), Fernando “Pastel” de Lima (bateria) e eu, nos vocais e na gaita. Muitos anos decorridos, a banda já foi e já voltou, passando por várias formações até a atual, que inclui três componentes originais (Betinho, Pastel e eu), além da participação de Marcos Puntel, na guitarra, e Sérgio Schaff, no contrabaixo.
Gato na Tuba virou até um selo musical informal e independente, que marca algumas produções de estúdio já realizadas pelos músicos ligados à banda e aos amigos mais próximos desta que acabou se tornando uma verdadeira comunidade roqueira do bairro do Ipiranga.
Foi pensando nisso tudo que resolvi criar este blog, associado ao site da Belo Dia Editora, no intuito de, periodicamente, apresentar aos amigos notícias ou curiosidades sobre músicas e livros, revelando, quando possível, algo a mais por trás das obras apresentadas.
Para inaugurar essa iniciativa, apresento duas das quatro primeiras gravações da banda Gato na Tuba, realizadas no Pró-Stúdio, do nosso amigo Cássio Martin, nos anos 1980. São covers de “All my loving” (Lennon-McCartney), dos Beatles (1963), e “The house of the rising sun” (Alan Price), do grupo The Animals (1964), esta com um arranjo diferente do original, ao agregar violão e solos de gaita e guitarra ao instrumental.
Os recursos para gravação de estúdio, no início dos anos 1980, já haviam se desenvolvido muito, mas gravar uma canção ainda não era muito fácil ou acessível para jovens com bastante disposição porém sem muita grana ou conhecimento técnico. Essa primeira incursão no estúdio foi uma aventura divertida e, por que não dizer, valente, viabilizada pela habilidade profissional e o know-how de Cássio Martin, um craque das gravações.
Observem, aliás, no início da canção dos Animals, a chamada “Gravando!”, na voz do próprio Cássio, e eu fazendo a contagem “Um, dois, três, quatro”, para a entrada do violão do Betinho. Particularmente, gosto muito do clima cortante criado pelo solo de guitarra do Hugo, depois do solo de gaita, no meio da música. Já naquela época o rapaz era atrevido e imprimia toda a sua vibração às cordas da guitarra.
Por favor, perdoem o inglês com sotaque macarrônico do Ipiranga nos vocais e divirtam-se.
Na próxima postagem, eu publico as outras duas canções gravadas na mesma sessão.
Abraços,
HF.