A formação da banda Gato na Tuba com Helião na bateria gerou ainda a gravação de covers cujo resultado, em minha opinião, ficou interessante. Reproduzo, a seguir, as gravações de “You can’t do that” (1964), dos Beatles, “Star, star” (1973), dos Rolling Stones, e “Tutti Frutti” (1955), de Little Richard.
Na canção de Lennon e McCartney, criamos um arranjo diferente do original, com uma introdução e um solo de gaita no meio da execução, que deram um clima mais festivo para a música. Durante muito tempo, essa canção foi utilizada para abrirmos nossas apresentações ao vivo. É curioso notar que John Lennon tocava gaita em várias canções do Beatles, mas nós não incluímos nenhuma delas em nosso repertório. Utilizamos esse instrumento apenas em canções em que ele não foi usado nas gravações originais, tais como “I feel fine” (1964), de Lennon e McCartney, e “While my guitar gently weeps” (1968), de George Harrison, propondo arranjos diferentes dos gravados pelos Beatles.
Na canção de Mick Jagger e Keith Richards, respeitamos boa parte do arranjo original, porém com um andamento mais cadenciado. Na finalização da música, incorporamos uma sucessão de acordes em escala, utilizada pelos Stones numa gravação ao vivo, de 1978, no Texas, que confere um peso maior de rock’n’roll à execução. Obviamente, não tentei em nenhum momento imitar a pronúncia ou a interpretação vocal de Mick Jagger, simplesmente porque isso seria impossível, além de eu nunca ter tido o hábito nem a capacidade de realizar esse tipo de procedimento em qualquer canção.
A regravação da canção de autoria de Little Richard e Dorothy LaBostrie vale pela curiosidade da presença de Hugo Sinisgalli no vocal principal e pela inserção de um solo simples de gaita no meio da execução. Note-se também, nessa gravação, a marcante pronúncia macarrônica do inglês falado no bairro do Ipiranga, como já se pôde perceber em outras gravações, nas quais eu faço o vocal.
Esses foram os últimos registros de estúdio realizados com o Helião na bateria. Depois disso, em momento e circunstâncias das quais eu não me lembro, Pastel retornou à banda, consolidando a formação principal e mais estável, que durou um bom tempo: Hugo Sinisgalli (guitarra solo), José Roberto “Betinho” Almeida (guitarra e vocais), Flávio “Tubarão” Félix (contrabaixo), Fernando “Pastel” de Lima (bateria) e eu, Zé Henrique Félix, nos vocais e na gaita.
Mais uma vez, divirtam-se!
Abraços,
HF.